sábado, 12 de dezembro de 2009

NUMA MESA DE BAR

Sozinho
Compartilhando comigo
Esse instante
Instante
Pausado
Meu melhor amigo, eu...
Meu grande colega
O chefe desse instante
Traz a saidera
O chefe desse instante
Que pausa
E seguimos adiante
E não mais existo...

E confundo as suas coxas
Com as de outras moças
Apenas para me encontrar
Pausado num instante
Em mais uma noite
Pretendo descarregar
Em branco
Milhões de instantes
Perdidos para sempre
Num passado
Instante
E sem vida...

Daniel Souza Santos

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

ÀS VEZES...

Às vezes...
Me perco, e me encontro...
Às vezes...
Me encontro, e me engano...

Às vezes...
À leve brisa
Sou levitado a distancias
Sem deixar de aqui estar

Às vezes...
Ao forte vento
Sou carregado a distancias
Sem deixar de aqui manter

Às vezes eu...
Às vezes você...

E quando às vezes
As minhas lembranças trazem você...

E quando às vezes
Os lugares ganham concepções fenomenológicas...

E quando às vezes
Canções são entoadas em cada esquina...

E quando às vezes
Sonhos e pesadelos se tornam paradoxos...

E quando às vezes
Me impregno de tais pela manhã...

E quando às vezes
Os dias das semanas se tornam sobrecarregados de tanto vazio...

E quando às vezes
Os finais de semanas se tornam abismos...

É quando “às vezes” se tornam eternos...

E é quando às vezes
Me desespero
Me perdendo e me encontrando...

É quando efêmeras às vezes
Me alivio
Me encontrando e me enganando...

E me enganando e me perdendo
Procuro me encontrar
Dentro de um espelho
Ou do seu recorte
Pra sempre me esquecer...

...por completo...

Daniel Souza Santos



quarta-feira, 7 de outubro de 2009

BRINCANDO DE SER DEUS...

Em palavras
Diga-me o que é o amor...
Ouça o que eu tenho a lhe dizer...
E como os sinos da capela...
Voando baixo...
Toque as nuvens...
Você terá um sonho comigo...
Os mesmos pássaros...
Dizem adeus
E você já pode sentir...
Podemos sentir...
À leve brisa nos encontramos
Um lugar para ficar...
E nada para comer...
Escalo, escalo, escalo...
Mais alto mais baixo...
Outono carrega as folhas
Nossos corpos se fundem...
Sem existir...
Sem pensar em existir...
Diga-me o que é o amor
Mas não ouça o que eu tenho a lhe dizer
Como os sinos da capela
Entre o jardim dourado
Outono carrega
Tépido o crepúsculo
Homens apreciam...
O amor desenhado...
Ecoa no espaço
Imaterialmente...
E remo só...
Inerte rumo aos sinos...
Que tocam seu espírito...
Diga-me o que é o amor
Eu lhe mostro o que é ser Deus...
Brincando e fazendo amor...
Beijando os lábios teus...
Ouça...
O que eu...
Tenho...
A lhe dizer...
Sem precisar...
Dizer...
Apenas...
Feche...
Os olhos...
Em silencio...
Ouça...
E toque...
As nuvens...
Leve...
Mente...
Amor!

Daniel Souza Santos

domingo, 4 de outubro de 2009

A MISSA...

Linda moça
Desejo que morra... morra... morra...
Bordada de flores
Das mais belas flores
Irei te velar
Irei te vê lá...

Imutável moça
Desejo que morra... morra... morra...
Para descansar(me)
Desse dia e adiante
Livrai-me do mal, desse instante e além...

Livrai-me do mal, desse instante e além...

Daniel Souza Santos

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

SOBRE O INSTANTE...

Sobre o instante
Não mais existo
Mas sou Presente, Futuro-Sido

E no exato instante
Eu sonhei
Eu amei
Eu desejei
Eu escrevi
Eu fui... Nesse instante... Eu fui...

O que você sonhava
E amava
E desejava
E escrevia sobre... O instante...

Não existe mais
Não mais existo
Nesse instante
Eu desisti...

...
...
...
...

...
...
...
...

Sobre o instante
Não mais existo
Mas sou Presente, Futuro-Sido...

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Das suas pausas
Dispersas no tempo

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Das suas pausas
Perdidas no tempo...


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Sobre o Instante pretendo também dizer sobre a Identidade, assim, quando escrevo que “sobre o instante não mais existo”, o mesmo vale para a identidade. Quanto à identidade, entendo o que Stuart Hall quis dizer ao analisar Freud e Jacques Lacam:
“...em vez de falar da identidade como uma coisa acabada, deveríamos falar de identificação, e vê-la como um processo em andamento. A identidade surge não tanto da plenitude da identidade que já esta dentro de nós como indivíduos, mas de uma falta de inteireza que é ‘preenchida’ a partir de nosso exterior...” (Stuart Hall, 1992).

Ora, partindo desse pressuposto, a todo instante que preenchemos a nossa falta de inteireza com novas concepções de identificações, estamos deixando de ser o que agora somos. Logo, nesse exato instante eu fui o que você achava sobre mim.
Quanto ao Presente, Futuro-sido, o que pretendo descrever é como a nossa imaginação/identidade constrói narrativas que juntam o passado e o futuro numa forma de síntese. Tal síntese – segundo o geógrafo Denis Cosgrove – envolve a confirmação simbólica do passado à utopia como função de abertura simbólica do futuro.
Stuart Hall ao falar sobre identidade nacional diz que o “discurso da cultura nacional (...) constrói identidades que são colocadas, de modo ambíguo, entre o passado e o futuro. Ele se equilibra entre a tentação por retornar as glórias passadas e o impulso por avançar ainda mais em direção a modernidade” (Stuart Hall, 1992).
A ideologia (passado) oferecendo mitos e símbolos em conjunto com a utopia (futuro) oferecendo impulsos e desejos a evolução do individuo – com um certo desvio da realidade – seriam enfim, elementos naturais e necessários para o imaginário social (Ricoeur, 1979) e para a identificação. Somos assim, não um instante, uma pausa, uma identidade, mas sim um processo contínuo, mutável e “onitemporal”...

Dispersos no tempo...
Daniel Souza Santos

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O QUE HÁ DE GEOGRÁFICO NA VIDA DAS PESSOAS???

Parti... parti e deixei apenas saudades e/ou lembranças, apenas isso, o que não é nada em um mundo que o que vale é produção, produtos... parti devido a pressão... a opressão... tudo o que sufoca nesse plano de estado desperto, de visão unilateral, visão única construída e imposta de acordo a uma ideologia... parti sem encontrar sentido para me manter... por perder os meus sentidos... o único sentido que eu ainda teimava em acreditar sua existência... e não era Deus (que apesar de tudo respeito aqueles que acreditam nele), não era a ciência (que apesar de tudo respeito aqueles que acreditam nela), não era a igualdade, paz, esperança (que apesar de tudo respeito aqueles que acreditam nelas), não era nenhum deles... era (e sei que muitos não vão respeitar a minha antiga fé, e vão até me ridicularizar por isso) o Amor...

Não questionem o porquê da minha ignorância em tal fé... que eu jamais lhe perguntaria o porque de vossas ignorâncias em tais utopias... era apenas a minha fé, que me concedia sentido... parti... pois o tempo e o espaço me moldaram assim... vocês podem pensar - a partir de seus pontos de vistas, de suas realidades ideológicas - que fui um louco, um louco construído por ter tido a educação errada, ter tido a conduta errada, ter tido freqüentado os lugares errados em um tempo errado, ter conhecido as pessoas erradas num tempo e espaço errado, ter AMADO a pessoa errada num determinado espaço e tempo errado... pois bem... saibam que, no meu plano, nada disso foi sofrimento... foi de muita felicidade (ao meu modo) a educação que recebi de meus pais (com muito amor familiar), de muita felicidade os amigos e colegas que conheci (com muito carinho), de muita felicidade a pessoa que AMEI com fé na minha concepção de amor... todos fatores esses que construíram essa pessoa que tantos admiraram, sem saber o porque de tal admiração...



Sem nos darmos conta, vivemos da pratica geográfica. A geografia esta dentro de casa, nas relações de família, na territorialização exercida por micro-poderes (por nossos pais). A Geografia esta fora de casa, esta na escola com seus alunos distribuídos espacialmente em grupos ou tribos, se territorializando, criando conflitos, gerando um fenômeno característico do espaço escolar, o “bullying”. Praticamos e vivenciamos a geografia nos lugares dialéticos e fenomenológicos. São os lugares gerados pelo choque entre duas temporalidades diferenciadas de Milton Santos, a dialética local-global criando espaços heterogêneos de alienação, de opressão, de pobrezas e riquezas. São os lugares que ganham concepções fenomenológicas, gerando entre eles e seus atores sociais, vínculos de fantasias, fobias, fé, paixões, ilusões e desilusões.

E praticando/vivenciando a Geografia, nos localizamos, nos identificamos e nos planejamos. Alguns ficam, uns partem/migram a lugares concretos, outros partem/migram a lugares utópicos... E a vida segue assim, geograficamente no cotidiano das pessoas...
Daniel Souza Santos

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A GRANDE ARTE...

Quero das horas os seus abraços
Antes pudesse
Em perfeita inércia
Uma arte pintada a óleo
De sonhos em barroco

Quero dos dias sua presença
Para lembrar-me de sua existência
Único golpe de pincel
Nas figuras de seu corpo

Quero da vida apenas os sonhos
Dos sonhos, desejo a morte
Da morte...

Lagrimas da lua
Dissipa-se deixando ao menos
As brumas frias e cromadas
Para que me definhes a cada minuto
Perene em sentimentos

Aqui na terra
Imortais foram abatidos
Do mais alto voar
Sou o vilão em decadência
Bardo de suas epopéias
Poesias que há de te matar

Oh, diva dos meus olhos vertiginosos
Virgem, do meu veneno, maculado
Quero dos anos os seus retratos
Livre...
Um artista aposentado

Daniel Souza Santos

sábado, 19 de setembro de 2009

AnimAnimA...

Eu tenho sim medo de morrer
Uma vez que somos incitados e forçados a despertar de nossos sonhos...

Eu sou assim, há 10000 mil anos, nascendo e morrendo...
Animando o inanimado, “Inanimando” o animado...

Eu vou assim, perdendo o medo de morrer
Uma vez que somos incitados e forçados a transferir os nossos sonhos...
Daniel Souza Santos

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

SENHORA DOS SONHOS...

Hey Senhora...
Que meus sonhos lapidara
Incubo-te minha pequena
Dei-me asas...
Que implume despertar
Senhora das dores
Fizestes tombar
Tamanha ousadia
Tão longe estar
Que próximo senti
Atadas minhas mãos
Diante de ti
Não pude mais
Minha pequena
Não seja mais
Nem seja menos
Minha senhora
Que assim lhe incubo
Em poesia
Sem braços
A remar
Invisível
Suas águas
Norte, leste, oeste e sul
Dos pés aos lábios teus
Suspensos navegam
As folhas de meu jardim
Que atadas minhas mãos
Sem braços
A planar
Tão longe de ti
Em poesia
Pequena senhora se encontra
Em perene, onírico e sereno despertar
Não seja mais...
Nem seja menos...
Apenas seja
Versos que te escrevo...
Que te incubo
Que me sucumbe
Que te vejo
Que me cega
Uma arte pintada a óleo
De sonhos em barroco
Um barco flutua
Vermelho, as suas águas
Vermelho, meus pinceis atados
Virgem, do meu veneno maculado
Livre, um artista aposentado...
Daniel Souza Santos

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O ESPELHO DE ALICE... (Parte I)

Alice...
Sempre que vou ao espelho
Me vejo mais feio
Ou belo que seja
Que há dias atrás...

Me dizem
Que a sua presença sincera
Só trazem mazelas
A um corpo moldado
Pra perfeição

Que as verdades tão fragmentadas
Se escondem distante
De tudo o que é amplo
Sublime e aéreo
Iguais a você...

Alice...
Sempre que a vejo no espelho
Me vejo mais turvo
Tão vago, vacante
Que o silencio vagante
Que os recortes de Kant
Em noticias de jornais...

Daniel Souza Santos

REQUIEM FINAL...

Ouça o canto das três vozes sem duvidar
Dos contos verdadeiros e hipócritas ao presentear
Os seus filhos com a arte de se ascender
E durma antes de chegar ao seu final...

Com o vento
Animados destinos se cruzam
Leste e oeste
Aguardando, sublime esperar...

Apenas levemente, toque...
As notas assim que chegar
Guarde as asas
Do lado de fora

Você sempre esteve aqui
Desligue o som
Pois eterna, é a canção...

Preenchendo os espaços
Espaços opacos
Dois polens no espaço...

Apenas me faça
Viver um insight
Guarde as asas
Do lado de fora...

Apenas voe, voe, voe...
Sem querer voar...
Apenas se leve, leve, leve...
Sem querer se levar...

Deixe suas asas
Do lado de fora...

Apenas respire, respire, respire...
Sem querer respirar...
Apenas cante, cante, cante...
Sem querer cantar...

A vida, a sorte
A morte, o azar
O negro, o sono
O alvo e o despertar...

A semente que brota
No jardim de outono
O vento sopra e carrega
As notas pelo ar... Incitam-lhe a dançar...

Apenas dance, dance, dance...
Sem querer dançar...

E apenas te faço
Viver um insight
Guardamos as asas
Do lado de fora
E voamos ao redor do sol...
Daniel Souza Santos