terça-feira, 5 de outubro de 2010

ELYSIA...

Minha alma passeia... vagando por Elysia... caçando sonhos...
buscando notas para lhe compor...


Minha alma passeia... vagando por Elysia lentamente...
pausadamente ao despertar dos ecos externos...


imóvel, me posto entre eles e ti... Elysia...


Minha alma anseia em um lugar frio, um canto encantar...
e por ti vaguear lentamente ao desvendar suas nuvens... Elysia...


Em ti encontrei vagamente um lugar pra me confortar... me
fazer lembrar... que ainda existo... mas que parto ao chamado dos ecos externos
a me despertar de ti... Elysia...


Mas levo comigo, guardado em mapas celestiais, um cisco que
ainda existo... dissipado em brumas oníricas, hora ou outra minha alma
passeia... vagando por ti... silenciosamente... suas nuvens... Elysia...



...

Daniel Souza Santos

sexta-feira, 12 de março de 2010

JOANA D'ARK... (SOBRE A BANDA)

Joana D’ark expressa o Tudo e o Nada. A poesia é intensa e cada palavra representa um Universo de possibilidades. Como num sonho, carregado de símbolos que se revelam únicos de sujeito a sujeito, Joana D’ark entoa contos oníricos e cada ouvinte pode e deve apreender a mensagem de forma integra...
Somos um instante, uma instancia, somos uma Situação. Sujeitos essencialmente gerados por determinadas escolhas, num determinado tempo e espaço dinâmico, pois a todo momento tecemos escolhas, agimos e nos espacializamos, a todo momento preenchemos uma falta de inteireza eterna, até o fim de nossos dias...
“...em vez de falar da identidade como uma coisa acabada, deveríamos falar de identificação, e vê-la como um processo em andamento. A identidade surge não tanto da plenitude da identidade que já esta dentro de nós como indivíduos, mas de uma falta de inteireza que é ‘preenchida’ a partir de nosso exterior...” (Stuart Hall, 1992).
Mais do que identidade, somos identificações (um continuo processo). O que escrevo agora, já é um instante perdido no tempo (passado) e pode não ser mais o que penso a respeito do que já foi dito uma ou duas linhas atrás...
Enfim, o que os autores das canções escreveram (letra e musica) para o Joana, representam um determinado instante, uma determinada situação de suas vidas. Sendo assim, Joana já declamou a sua perturbação com a fragmentação das realidades de Kant e a hiperespecialização das ciências...
Que as verdades tão fragmentadas
Se escondem distante
De tudo o que é amplo
Sublime e aéreo
Iguais a você...
Declamara também o seu pessimismo quanto a um possível futuro onde o ser humano se torna obsoleto diante ao impacto das novas tecnologias desenfreadas. O sujeito se artificializa, convertendo-se cada vez mais em maquinas sem alma e sem sonhos... é o Pós-humano...
Eu tenho sim medo de morrer
Uma vez que somos incitados e forçados a despertar de nossos sonhos...
Eu sou assim, há 10000 mil anos, nascendo e morrendo...
Animando o inanimado, “Inanimando” o animado...
Joana, por um instante, entoou sua fobia pelo caos urbano, palco e materialização de todos os seus pesadelos...
São apenas bestas
Serpentes recheadas de pecado e prazer...
Nossas árvores não purificam o ar
Centenas de moradias sobre galhos de vidro
Temos animais velozes
Cegos... Mas chegaremos a tempo...
Joana num certo momento deixara a caverna e descobrira novas realidades não aceitas por um senso comum. Uma sociedade conformada a um mundo simplificado e formulado por cálculos exatos...
E quem apela aos seus encontros
Não vão dizer se é cura ou dor
E quem se nega aos seus desencontros
Vão lhe dizer o que é a cura e a dor
E sendo hostilizada pelos homens da caverna, Joana temeu avançar nas escalas da realidade e por alguns instantes escolheu se conformar dentro de um recorte que lhe trouxera mais “segurança”...
Desperte e não descreva
Melhor esqueça o quão distante esteve ser partir...
E por longos instantes repreendera seus reais conhecimentos, mas que constantemente lhe escapavam agressivamente em forma de sonhos e reflexões. Por vezes “desequilibrada”, desejou a “morte”, acreditando ser o único meio de se “libertar”... na “morte”, a “vida”... um paradoxo...
InsôniaRealidade unilateral...
A poesia foi um caminho
Vida, dois pontos, morte...
E Joana continua escrevendo... instantes... situações...
Daniel Souza Santos

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

MUNDO CEMITÉRIO...

Busco paz efêmera, ao lado do descanso eterno, livre de seus pecados e dores, infinito outono. Quem dera fosse o mundo um cemitério, onde a morte faz pensar, purificar e sentir. Vivos são aqueles que partem. Posso te ver ao meu lado, como não posso ser... transparente...
Sua forma, antes negra, torna-se alvor... Sua lâmina, uma ocarina. Sopro sereno a me guiar, por entre gramas coloridas, encontro o meu leito...
Descanso eterno, infinito outono, canto dos pássaros, argêntea luz cintile sobre a lousa...
Que este momento efêmero se torne eterno durante estes minutos. Que este tempo frio nos toque infinitamente pela vida que nos resta. Que a música não acabe jamais. Que minhas lágrimas cessem por viver um impossível, para poder viver realmente o impossível ao seu lado...
Abruptamente as folhas já não caem, verão... Enxergo em cada rosto o calor de sua ansiedade... Quase seca minha fonte... Dia e noite se espelham em suor, corra e alcance o sol!

Desperto, o livro dos sonhos chega ao fim...
Daniel Souza Santos

domingo, 10 de janeiro de 2010

VERONICA DECIDE VIVER...

Hoje decidi viver...
Sim, vou embora...
Sigo o crepúsculo
Triste sonho que antes...
Dor relaxante...
Em seus braços respirava...
Corpo e alma
Nossos sonhos bailavam...
E tocavam...
Brincávamos e queimávamos...
Nossas mãos ao sol...


E quando despertei...
Decidi viver...
A “comorrer”...
Diante tão sublime visão...


Enquanto olhos fechados...
Sonhos trabalham...
Pereço todos os dias...
Hoje decido viver...
A ver tamanho brilho...
Rubi encantado...
Leve e pesado...
Desequilibrado...
Vivo morrendo...
Por ai...
Eu vou até...
A estrada vai...
Estendendo-se...
Decido e aceno...
Oh lasa...
Meu corpo nu...
Pra nunca mais...
Ver teu corpo nu...


Decido viver a ciência...
Nunca mais sonhar...
E ver você aqui...
Dentro de mim...
Perpetua-me em ti...
Oh lasa...
Feche as portas...
Acabou, acabou...
O sino dos ventos...
Não tocam mais...


Lindo fora...
Ver-te ao morrer...
Assim, quando só...
Eras minha...
Que imploro lasa...
Decido viver...
Um lapso eterno...
Nem se lembra mais...
De mim...

Daniel Souza Santos