sexta-feira, 12 de março de 2010

JOANA D'ARK... (SOBRE A BANDA)

Joana D’ark expressa o Tudo e o Nada. A poesia é intensa e cada palavra representa um Universo de possibilidades. Como num sonho, carregado de símbolos que se revelam únicos de sujeito a sujeito, Joana D’ark entoa contos oníricos e cada ouvinte pode e deve apreender a mensagem de forma integra...
Somos um instante, uma instancia, somos uma Situação. Sujeitos essencialmente gerados por determinadas escolhas, num determinado tempo e espaço dinâmico, pois a todo momento tecemos escolhas, agimos e nos espacializamos, a todo momento preenchemos uma falta de inteireza eterna, até o fim de nossos dias...
“...em vez de falar da identidade como uma coisa acabada, deveríamos falar de identificação, e vê-la como um processo em andamento. A identidade surge não tanto da plenitude da identidade que já esta dentro de nós como indivíduos, mas de uma falta de inteireza que é ‘preenchida’ a partir de nosso exterior...” (Stuart Hall, 1992).
Mais do que identidade, somos identificações (um continuo processo). O que escrevo agora, já é um instante perdido no tempo (passado) e pode não ser mais o que penso a respeito do que já foi dito uma ou duas linhas atrás...
Enfim, o que os autores das canções escreveram (letra e musica) para o Joana, representam um determinado instante, uma determinada situação de suas vidas. Sendo assim, Joana já declamou a sua perturbação com a fragmentação das realidades de Kant e a hiperespecialização das ciências...
Que as verdades tão fragmentadas
Se escondem distante
De tudo o que é amplo
Sublime e aéreo
Iguais a você...
Declamara também o seu pessimismo quanto a um possível futuro onde o ser humano se torna obsoleto diante ao impacto das novas tecnologias desenfreadas. O sujeito se artificializa, convertendo-se cada vez mais em maquinas sem alma e sem sonhos... é o Pós-humano...
Eu tenho sim medo de morrer
Uma vez que somos incitados e forçados a despertar de nossos sonhos...
Eu sou assim, há 10000 mil anos, nascendo e morrendo...
Animando o inanimado, “Inanimando” o animado...
Joana, por um instante, entoou sua fobia pelo caos urbano, palco e materialização de todos os seus pesadelos...
São apenas bestas
Serpentes recheadas de pecado e prazer...
Nossas árvores não purificam o ar
Centenas de moradias sobre galhos de vidro
Temos animais velozes
Cegos... Mas chegaremos a tempo...
Joana num certo momento deixara a caverna e descobrira novas realidades não aceitas por um senso comum. Uma sociedade conformada a um mundo simplificado e formulado por cálculos exatos...
E quem apela aos seus encontros
Não vão dizer se é cura ou dor
E quem se nega aos seus desencontros
Vão lhe dizer o que é a cura e a dor
E sendo hostilizada pelos homens da caverna, Joana temeu avançar nas escalas da realidade e por alguns instantes escolheu se conformar dentro de um recorte que lhe trouxera mais “segurança”...
Desperte e não descreva
Melhor esqueça o quão distante esteve ser partir...
E por longos instantes repreendera seus reais conhecimentos, mas que constantemente lhe escapavam agressivamente em forma de sonhos e reflexões. Por vezes “desequilibrada”, desejou a “morte”, acreditando ser o único meio de se “libertar”... na “morte”, a “vida”... um paradoxo...
InsôniaRealidade unilateral...
A poesia foi um caminho
Vida, dois pontos, morte...
E Joana continua escrevendo... instantes... situações...
Daniel Souza Santos