“Irmão eremitas, eu lhes falo na língua do sono, que somente os
sonhadores podem falar, ouvir e compreender. Na terra do sono há visões ricas,
música maravilhosa, beleza para todos os sentidos e pensamentos que não ousam
existir sob a luz forte e impiedosa do sol. Não acordem do seu sono e não
resistam aos outros eremitas usando seus próprios meios, porque embora possam
vencer, se tornarão como eles, cegos à beleza, à delicada visão, a tudo que os
duros fatos destroem no mundo desperto. Portanto, durmam...” ( Bertrand Russel, 1929)
Esqueça permanentemente
O silencio que desejou segundos atrás
Profundo e eterno
Que não se findou
Esqueça os planos organizados
Da realidade a utopia
Da luta a paz
Da paz a entropia
E esqueça que o sangue que escorre em sua face
Assisto e alimento
A dor e a humanidade
Que a voz que nos ergue é fruto da crise
Do medo e do ódio
Coragem e fantasia
Esqueçam as regras socializadas
Eles ou elas
Aqueles que amam
Saboreiam a dor e a humanidade
Das vitórias vivenciadas
Esqueçam as vidas derrotadas
Aqueles que lamentam
Choram a dor e a humanidade
Censure a censura
Da luta a entropia
Desliguem os sentidos
A música e a poesia...
Plantem os sonhos codificados
De sensações superficiais
Da paz a guerra
Da guerra a “distopia”...
Ecos internos disparam contra nossos corpos
Movimentos que nos traem...
Dar novas cores e lados ao tempo
Traem-me os olhos conformados às sombras...
Ao mal e a cura
Ao bem e a dor...
Ao negro e ao sono
Ao alvo e o despertar...
Vou me recortando...
Me “des-recordando”...
Me “inanimando”...
Vou me aprofundando na insônia para nunca mais sonhar
E sentir a dor... E a humanidade...
E ver outro alguém... Dentro de nós...
Eu fora de mim...
À liberdade...
...